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Sem parar
Rui Prado
É fato que estamos visualizando um grande volume de notícias sobre as perspectivas de um ano difícil para a economia brasileira. Mas, como toda crise, o momento também deve ser visto como uma oportunidade para mudanças, porque quando mudamos nosso ponto de vista empreendemos mais. Somos naturalmente impelidos a agir e reagir aos desafios que surgem.
Dessa forma, essa energia é imprescindível e muito presente no agronegócio. Como exemplo destaco a iniciativa de empresários e pesquisadores que diante da crise das usinas sucroalcooleiras brasileiras e da dificuldade de escoamento da produção, enxergaram no milho uma alternativa positiva para a fabricação de etanol, como já acontece nos Estados Unidos.
Mato Grosso foi o primeiro Estado brasileiro a implantar a usina flex de etanol de milho, aproveitando a estrutura existente da produção de álcool de cana-de-açúcar.
Atualmente, contamos com duas usinas flex, uma no município de São José do Rio Claro e outra em Campos de Júlio. Juntas elas consomem aproximadamente 290 mil toneladas de milho. O volume ainda é pouco, mas temos potencial para crescer e, consequentemente, o excedente de milho transformado em etanol contribuirá para reduzir a dependência que ainda temos das exportações desse cereal.
Falando em exportações, recentemente voltou em pauta a discussão sobre a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) localizada no município de Cáceres.
As ZPEs são distritos industriais incentivados, onde as empresas atuam com suspensão de impostos, procedimentos administrativos simplificados e liberdade cambial. O que a sociedade ganha com isso? Geração de empregos diretos e indiretos, melhoria na renda da população e desenvolvimento econômico para o Estado. Para as empresas, os principais benefícios são: igualdade de condições com os concorrentes localizados em outros países; aumento de valor agregado das exportações; difusão de novas tecnologias e de práticas mais modernas de gestão e correção dos desequilíbrios regionais.
A escolha do município de Cáceres para a ZPE é importante, pois trata-se de uma região bem localizada, em especial por estar muito atrelada à hidrovia do Paraguai. O projeto Centro-Oeste Competitivo identificou a hidrovia Paraguai-Paraná como uma das prioritárias e necessárias para investimentos, demonstrando, portanto, a importância estratégica do município para a instalação da ZPE, pois o rio passa por ali.
A implantação de novas indústrias em Mato Grosso é necessária e irá estimular os investimentos nas produções de soja, milho e algodão que ainda podem ocupar 16,5 milhões de hectares em pastagens com aptidão para a agricultura. Além disso, será um incentivo interessante para os criadores de bovinos, aves e suínos comercializarem seus animais. O investimento na indústria de couro também é outra possibilidade interessante para Mato Grosso e que pode ser viabilizado pela ZPE.
O ano já começou! Algumas perspectivas de um ano difícil se confirmam, mas não podemos nos ater a essas notícias para não pararmos. Nossa costumeira energia empreendedora e criatividade devem nortear nossas ações para contribuir com o desenvolvimento desse Estado rico e tão cheio de oportunidades.
*Rui Prado é produtor rural e presidente do Sistema Famato/Senar.(ruiprado@famato.org.br).