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Plano Safra, avanços e necessidades
João Carlos Spenthof
O Plano Safra 2014/2015, recentemente lançado pelo Governo Federal, traz elementos que foram bem recebidos pelo agronegócio brasileiro. A elevação em 14,5% sobre montante a ser liberado nesta safra, passando dos R$ 136 bilhões praticados na safra anterior aos atuais R$ 156,1 bilhões para custeio, comercialização e programas de investimento, atende às necessidades do setor rural até o momento, devendo-se ressaltar que a Presidência da República comprometeu-se a aumentar este valor, caso a demanda supere o que foi planejado.
Além da ampliação do valor a ser liberado, o índice de 6,5% adotado para as taxas de juros, que trouxe alta de 1 ponto percentual na comparação com a safra passada, também foi avaliado como plausível pelo setor rural, conforme frisou a presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Senadora Kátia Abreu, ao explicar, na ocasião do lançamento do Plano que havia um temor por parte dos produtores rurais de que as taxas adotadas seguissem a escalada da Selic.
No que diz respeito ao Plano Safra da Agricultura Familiar, divulgado na última semana de maio, o montante de R$ 24,1 bilhões direcionado aos investimentos e custeio também representa um incentivo à atividade rural. A alta no total liberado, de 14,7%, sugere que, na esfera governamental, há o entendimento pacificado que o desenvolvimento do país passa, necessariamente, pelo fortalecimento do agronegócio.
Neste contexto, avaliamos ser fundamental, em nome da Central Sicredi MT/PA/RO, reafirmar nossa posição de parceria incondicional da produção agropecuária. Temos trabalhado continuamente para garantir que os recursos necessários à atividade rural cheguem com maior agilidade e menos burocracia às mãos do produtor rural das regiões onde atuamos.
É certo que o cooperativismo de crédito está apto a atender todas as camadas da população, nos seus mais diferentes perfis e contextos. Mas é certo, também, que o cooperativismo de crédito representa, para o produtor rural, um dos melhores e mais viáveis acessos aos recursos que possibilitam o crescimento da agricultura e da pecuária em nosso país.
Diante disso, entendemos ser oportuno externar nossas expectativas em relação ao agronegócio de nossa região. Neste momento em que o Governo Federal sinalizou, por meio de medidas adotadas no Plano de Safra, que está atento às necessidades do setor rural, verificamos ser importante ponderar que, apesar de serem medidas importantes, a ampliação de recursos e o aparente cuidado com as taxas de juros não são suficientes para garantir tranquilidade ao produtor rural.
As deficiências logísticas e o tratamento, ainda inadequado, ao seguro rural são pontos muito frágeis de nossa agropecuária. Isso sem falar no quesito armazenamento, que no ano passado penalizou sobremaneira o agricultor mato-grossense, que deixou milho a céu aberto, como em outras safras passadas, por absoluta falta de opção. Ampliar recursos é importante. Incentivar o aumento na produtividade, também. Mas é preciso minimizar os riscos, em prol da perenidade e da sustentabilidade da atividade rural em Mato Grosso e todo o Brasil.
*João Carlos Spenthof é presidente do Sicredi MT/PA/RO