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Os desafios da sucessão familiar no agronegócio
Eduardo Riedel
Em um país considerado o celeiro do mundo como é o Brasil, é preocupante notar a saída dos jovens do meio rural e o consequente abandono do empreendimento agrícola construído por gerações anteriores. A falta de interesse em gerir os negócios é um fenômeno global que preocupa estudiosos, autoridades e, principalmente, os próprios empresários do setor que temem pelo futuro de um patrimônio construído ao longo de anos, até mesmo décadas.
O pouco interesse dos mais jovens em dar continuidade ao trabalho dos seus antecessores na agricultura coloca em risco a permanência de um país líder mundial na produção de alimentos no topo do ranking. A sucessão familiar na agricultura significa a transferência de poder e patrimônio entre as gerações. Mas é muito mais que isso. A retirada das gerações mais antigas e a substituição pelas mais novas pede necessariamente um administrador com formação profissional capaz de continuar a gerir o negócio de maneira competente, garantindo seu crescimento e evitando prejuízos que coloquem o empreendimento em risco, o que pode afetar de maneira negativa a economia de toda uma região onde ele está inserido.
A transmissão de um patrimônio construído com altos investimentos, não apenas financeiros, mas até mesmo pessoais e emocionais, não é um processo fácil. Não são raros os conflitos entre as gerações na administração dos negócios. Manter a empresa na família, preservar a rentabilidade e mirar no crescimento contínuo devem ser os ideais compartilhados por aqueles que deixam o negócio e aqueles que o assumem. A transmissão do patrimônio fundiário só será bem sucedida se feita com responsabilidade.
Despertar nos mais jovens o desejo de assumir e gerir o empreendimento herdado dos pais é um dos grandes desafios do setor agrícola e será abordado com propriedade na Bienal dos Negócios da Agricultura, evento que já se tornou referência em compartilhar informação sobre os principais temas do agronegócio. A sucessão familiar e a gestão compartilhada dos negócios entre as diferentes gerações é um tema cuja importância impacta no futuro do Brasil como um país de vocação agrícola.
*Eduardo Riedel é presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul (Famasul).