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O posto de combustível não é o vilão
Claudyson Martins Alves
Durante a pandemia os serviços considerados essenciais ganharam mais destaque, pois no período de lockdown, apenas estes estabelecimentos continuaram funcionando. Hospitais, farmácias, supermercados e postos de combustíveis são exemplos destes estabelecimentos. Em meio a toda dificuldade imposta pela pandemia, vários setores demonstraram força e conseguiram superar esse momento difícil, como o agronegócio, por exemplo, um dos principais responsáveis em segurar a economia e evitar um tombo ainda maior no nosso Produto Interno Bruto.
O agro, aliás, foi um dos poucos setores que registraram crescimento em 2020, todos os méritos aos brasileiros que trabalham neste segmento e que com muita competência e suor conseguem fornecer alimento ao mundo. Mas o que quero realmente ressaltar e enaltecer pelo serviço prestado nesse artigo é outra classe, uma atividade pouco reconhecida, e às vezes até tachada como vilã na vida dos brasileiros, porém, que está por trás de praticamente toda atividade ou serviço realizado no país, são os revendedores de combustíveis, mais conhecidos como postos de gasolina.
Praticamente todos os serviços dependem do abastecimento de combustíveis para poder funcionar normalmente, desde o agronegócio até o supermercado. Essa atividade está sempre pronta para atender seus consumidores, faça chuva ou faça sol, em alguns casos, 24 horas por dia e sete dias na semana.
Ainda assim, muitas vezes mal interpretado pela maioria da população, os postos de combustíveis são mal vistos pelos consumidores, mesmo apenas repassando o aumento do valor do produto que comercializa. A solução encontrada pelos empresários deste segmento, muitas vezes é diminuir ainda mais a já pequena margem de lucro para se manter competitivo no mercado.
Para ter ideia, somente no mês de outubro, a Petrobras anunciou dois reajustes de preços da gasolina, subiram também o Diesel e o gás de cozinha. Desde o início do ano, a gasolina já sofreu um aumento perto de 70%, nas refinarias, de acordo com levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), nos postos, o preço médio da gasolina ficou em R$ 6,36 o litro na semana passada, com o valor máximo chegando a R$ 7,46. O óleo diesel, por sua vez, registrou preço médio de R$ 5,04 e máximo de R$ 6,42 o litro.
E diferente do que muitos pensam, com o aumento dos combustíveis na bomba, os empresários e proprietários não lucram mais com isso. Muito pelo contrário, o aumento nos preços dos combustíveis reduz o consumo, e faz com que os motoristas abasteçam menos e consequentemente as vendas diminuem.
Manter esses estabelecimentos abertos, gerando emprego e renda para milhares de pessoas é tão complicado como qualquer outro, mas neste segmento especificamente pode ser ainda mais difícil. Para abrir as portas, um posto de combustível deve cumprir um check list com mais de 25 normas municipais, estaduais e federais e, em Mato Grosso ainda tem um percentual máximo de margem bruta estipulado por um órgão de defesa do consumidor.
O preço elevado nas bombas não é culpa do empresário que possui um posto de combustível. Assim como em qualquer outro estabelecimento, quando o preço do produto chega com alteração, ele é repassado ao consumidor final.
Claudyson Martins Alves é empresário do segmento de combustíveis e diretor do Sindipetróleo