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O fim da fronteira para o desenvolvimento

Luciano Vacari

O fenômeno da agricultura não tem mais fronteiras. A tecnologia está permitindo que as lavouras avancem pelas regiões menos desenvolvidas. E antes que julguem, saibam que não se trata de desmatamento, pelo contrário, estão transformando áreas degradadas em solos produtivos, agregando valor à pecuária e gerando emprego e renda.

Um exemplo vem das regiões que estão fora do eixo da BR-163, em Mato Grosso, que estão em processo acelerado de tecnificação agrícola. As antigas fazendas de gado, grande parte com pastagem comprometida e consequentemente pouco produtividade, estão sendo reestruturadas com a ajuda da lavoura.

Os pecuaristas estão se tornando, também, agricultores. Seja por meio de investimento próprio ou com arrendamento de terras, passaram a semear grãos em uma parte do ano e assim melhorar a qualidade da terra. No rebanho, o resultado chega por meio do aumento de produtividade, com animais prontos em menos tempo e em menor área.

O combo perfeito para o desenvolvimento. Renda para o produtor, recuperação de áreas degradadas, redução ou neutralização das emissões de gases de efeito estufa e comida no prato da população.

Mas não é só com a comida que as pessoas das cidades ganham. A chegada da agricultura está mudando os municípios. Qualificação de mão-de-obra, empresas de máquinas agrícolas, grandes tradings oferecendo assistência técnica, armazéns. Enfim, a revolução vivenciada pelos municípios do norte e do médio-norte mato-grossense chegou ao oeste, nordeste e noroeste do estado, as duas laterais.

Para se ter uma ideia, em 2014,  segundo o Imea, a produção de soja no nordeste de Mato Grosso, região do norte do Araguaia, era de 4,4 milhões de toneladas. Em sete anos, os municípios passaram para 7,6 milhões, 72% a mais. Do outro lado, no noroeste, onde estão Juara, Juína, a produção saltou de 1,54 milhão de toneladas para 2,61 milhões de toneladas, um crescimento de 69%.

De acordo com dados do Lapig, o Brasil possui 160 milhões de hectares de pastagem, 8 milhões a menos do que em 2014. Neste período, porém, o rebanho bovino aumentou de 156 milhões para 160 milhões de animais. Ou seja, a produção de carne por área está aumentando. E onde havia só pasto, agora há uma plantação, um boi, árvores e, quiçá, uma micro usina de bioenergia.

O potencial é enorme. Não só em Mato Grosso, mas em todo o país. A produção agropecuária tem como e para onde crescer sem que haja desmatamento ilegal. Agora, sem tecnologia e renda, os pecuaristas, principalmente os pequenos, não vão conseguir transformar suas propriedades nas tão desejadas abordagens de paisagens integradas, como propõe o novo Plano Agricultura de Baixo Carbono (ABC), ABC +.

O conceito que busca adotar práticas conservacionistas prevê, também, a adoção e manutenção de sistemas em integração e o melhoramento genético e o aumento da diversidade biológica.

Resumindo, a sustentabilidade e a conservação passam, necessariamente, pela integração lavoura-pecuária e pela intensificação da produção para chegarem ao meio ambiente corretamente utilizado, à rentabilidade financeira e ao desenvolvimento social.


Luciano Vacari é gestor de agronegócios e diretor da Neo Agro Consultoria e Comunicação
 
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