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O Brasil é maior que a crise
Fernando Maia
O ano de 2015 tem sido de sofrimento para o povo brasileiro e para o empresariado, tempo de arrocho e de altos impostos. Nesse contexto, as empresas precisam se reinventar, pensar adiante, para poder se diferenciar e não perder representatividade no competitivo mercado atual.
Este momento crítico não é o primeiro que enfrentamos. Nos anos 80 e 90 a situação era muito pior. Inflação com dois dígitos e aumentos diários de preços. Com o advento do Plano Real, no entanto, o cenário trouxe uma nova perspectiva. O clima era de entusiasmo e por muito tempo pensei que a responsabilidade fiscal dos governantes tinha vindo para ficar. O País estava vacinado.
Infelizmente, eu estava errado. Os últimos quatro anos de política econômica irresponsável mostraram exatamente o contrário. Mas o Brasil é maior que esses erros. Tenho a crença de que essa tempestade vai passar. A sociedade não é a mesma de 20, 30 anos atrás, apesar dos velhos problemas. Devemos e podemos acreditar no nosso País.
E para nós varejistas, qual a alternativa? O que temos à nossa disposição que pode nos impulsionar a superar esse momento de turbulência? Penso que um dos caminhos promissores é a tecnologia. As redes sociais têm transformado a forma como a sociedade discute e se relaciona com a informação, com a política e com o consumo. Grandes eventos em todo o mundo discutem esse tema. No Big Retail’s Show, maior evento de varejo do mundo, realizado anualmente em Nova York, foi impressionante ver como lá fora a alta tecnologia está a serviço do varejo. A tecnologia mudou a relação com o cliente e a maneira de fazer negócios. Tecnologia hoje não é só gadget, é usar essa ferramenta para promover o relacionamento, a personalização do contato com o cliente. Diálogo com o público nunca foi tão importante. Chamamos esse universo de Omni Channel. O consumidor busca vários canais de compra. Pesquisa online e compra na loja ou vice-versa. O que vai ganhar o consumidor é a competência do lojista na qualidade do seu atendimento e na versatilidade para atender às novas necessidades desse consumidor global.
Mas o que a crise tem a ver com tecnologia? Como não dá para mudar a política econômica nacional, rapidamente, a resposta é apostar no futuro, usar as ferramentas disponíveis para se diferenciar, pensar fora da caixa, ousar. O Brasil é maior que a crise. Aqui, quem empreende é um grande teimoso, um grande insistente mas, acima de tudo, um grande visionário. São homens e mulheres que acreditam no País e buscam novas oportunidades.
Nada como uma bendita crise para que as empresas se reinventem, mudem processos, busquem novas alternativas, saiam da zona de conforto. A crise incomoda e o melhor remédio é olhar adiante e não no retrovisor.
*Fernando Maia é CEO da Saga Malls, empreendedora e administradora do Várzea Grande Shopping.