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MT é a aposta certa na economia
Rodrigo Santos
Mais uma vez as commodities e o agronegócio mostram sua força, que deverá ser inclusive o ponto de salvamento da economia nacional. E nesse cenário, o destaque fica para Mato Grosso, que é o estado brasileiro com maior crescimento econômico em 2022 e que já conta com a promessa de crescer 5,6% neste período, percentual relativamente maior que os 3,1% registrados no ano de 2021.
Essa onda positiva vai impactar não somente sobre os produtos manufaturados. A indústria também deverá se beneficiar do panorama atual e, comentam já por aí, que o setor deva superar até mesmo o crescimento de estados como São Paulo, que pode sofrer com a temida refração. Esses dados, diga-se de passagem, são projeções da Tendência Consultoria, que foram divulgados recentemente pelo Valor Econômico.
Quanto ao nosso estado, às expectativas de crescimento são explicadas com base no recorde das safras de soja e milho, além do melhor desempenho no abate de carnes, decorrente da demanda externa por proteína animal. Outro ponto que ganhou destaque na publicação é a produção de biodiesel, que para o seu fortalecimento enquanto produto, conta com uma indústria forte e ativa por aqui.
Mais fatores também se incluem na justificativa do aumento do índice regional, entre elas, a alta de preços e a taxa de câmbio que está favorável para a exportação. Contudo, devemos lembrar que Mato Grosso não começou a ser reconhecido somente hoje. Temos liderado a produção agrícola por quatro anos consecutivos e, de 2018 a 2021, o crescimento do estado alcançou a marca de 69% do Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP), segundo dados do Governo Federal.
Além disso, a participação do agronegócio no Produto Interno Bruto (PIB) de Mato Grosso já é de 56,2%, segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). E para 2023, conforme a pesquisa divulgada no Valor Econômico, a tendência é que os números continuem positivos para os produtores de soja, milho, algodão, carne, biocombustível e celulose. Já na indústria, devemos ressaltar a produção de etanol, que cresceu 384,5% nos últimos 10 anos.
Dados divulgados pelo Sindicato das Indústrias de Bioenergia de Mato Grosso (Sindalcool), revelam que na safra 2020/2021 foram produzidos 4,07 bilhões de litros. Já para a safra 2022/2023, a previsão é de um crescimento de mais de 13,2%, o que deverá elevar a produção para 4,61 bilhões de litros. Desse total, 3,59 bilhões devem ser originados do etanol de milho, que desde 2020 passou a superar o etanol de cana-de-açúcar.
Somado a todos esses itens, o esmagamento da soja também é outro ponto em evidência e o estado chegou a apresentar um volume de 786,47 mil toneladas em dezembro de 2021, maior valor já observado no período. Com isso, o processamento da soja atingiu a marca de 10,31 milhões de toneladas no ano passado, com uma produção de 7,66 milhões de toneladas de farelo e 2,1 milhões de toneladas de óleo.
E para este ano, a expectativa é de que se chegue a 11,21 milhões de toneladas produzidas, conforme levantamento do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), realizado em janeiro de 2022. Tudo isso mostra que o nosso agronegócio está consolidado e que Mato Grosso é visivelmente um terreno fértil para indústrias que atuam dentro ou fora do campo.
Devemos destacar aqui o desenvolvimento da produção de equipamentos, maquinários, adubos e defensivos agrícolas, entre outros itens ligados a cadeia produtiva do agro. Ou seja, cada vez mais o estado se torna uma aposta certeira. Tanto, que estão sendo feitos grandes investimentos na infraestrutura e logística, de forma que seja garantidas melhores condições de escoamento da safra e produtos industrializados.
Nessa seara, já estão previstas a construção de pelo menos três ferrovias que vão passar pelo nosso território, o que, consequentemente, também irá impactar na redução do custo do frete. Há ainda a política de incentivos fiscais, assim como as alíquotas reduzidas para o etanol, por exemplo, o que estimula a vida ainda maior de empresas nacionais e internacionais para Mato Grosso.
Tudo isso, deixa visível que vamos deixar de ser somente o celeiro do mundo para agregar aos nossos atributos, o fato de que em breve nos tornaremos também solo das maiores plantas industriais do país.
Rodrigo Santos é diretor executivo da RSA Capital