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AgroTecnologia: um caminho sem volta
Marcos Balbi
Que a agricultura representa uma fatia primordial da economia do país todos sabem. O agronegócio representa mais de 22% do PIB brasileiro e somente a agricultura responde por 70,4% do PIB do setor, ficando a pecuária com 29,6%, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Trata-se de um setor que emprega cerca de 30 milhões de pessoas, distribuídas pelos diversos segmentos que compõem o agronegócio. Nossa agricultura é rica, farta, porém um fator tem chamado à atenção quanto ao seu futuro: as mudanças climáticas. Esse fato merece a reflexão de todos envolvidos na cadeia produtiva, pois quem não se adaptar e se “render” as novas tecnologias poderá ficar no caminho. As mudanças climáticas têm sido a pauta do dia quando o assunto é agricultura. Essa preocupação é em nível mundial e, no Brasil, alguns especialistas já se convenceram que diante de tantos cenários incertos projetados pelo clima, as culturas que vão sofrer menos com as mudanças serão aquelas que utilizam avançada tecnologia. Por outro lado, uma grande maioria ainda insiste em adotar métodos tradicionais que não são mais cabíveis nos dias de hoje, no qual o apelo vai em direção de uma agricultura mais tecnológica e ecológica.
Assim, os empresários rurais, que herdaram este modelo terão de se adaptar ao mundo moderno. As tecnologias disponíveis trazem para esse setor soluções que aperfeiçoam e dinamizam todo o processo, trazendo benefícios para toda a cadeia de produção.
No que diz respeito, por exemplo, ao controle de doenças causadas por fungos, no qual o clima está diretamente ligado, tecnologias modernas recriam um “mundo novo”, bem mais sustentável e rentável para todos os agricultores. Num país que ostenta o desagradável título de ser o campeão mundial de uso de agrotóxico, embora não seja o campeão de produção agrícola, já pode contar com soluções tecnológicas para mudar esse quadro. Afinal, desde 2009, o país é o maior consumidor desse veneno que acaba indo à mesa do consumidor. Somente de 2002 a 2012, o mercado brasileiro de agrotóxicos cresceu 190%, comprovando que essa prática virou um negócio voraz, no qual a saúde do ser humano fica em segundo plano. A cada US$ 1 gasto em agrotóxico, há um custo de US$ 1,28 em atendimento ao intoxicado, segundo pesquisa feita pela Universidade Federal de Brasília.
Já foi comprovado em diversas experiências que através de plataforma tecnológica que monitora o clima é possível reduzir em até 60% o uso de agrotóxicos nas lavouras. Além disso, a saúde do agricultor é beneficiada, já que essa tecnologia minimiza consideravelmente o contato com os produtos tóxicos. E ainda, lá na ponta da cadeia, o consumidor final passa a ter disponível alimentos muito mais saudáveis com um índice bem menor de contaminação de agrotóxico. Esta mesma plataforma ainda ajuda os agricultores a melhorar o manejo da água de irrigação, racionalizando os recursos hídricos naturais.
Todos esses resultados foram comprovados e registrados por especialistas envolvidos no processo de produção agrícola como, por exemplo, o engenheiro agrônomos Silvio Galvão, diretor técnico Pesagro Rio, empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro; e o empresário rural Frederico Ribeiro Krakauer, presidente do Grupo Mutum, no Mato Grosso. Ambos, junto com agricultores, constataram a eficácia desse monitoramento climático nas plantações que aderiram à nova tecnologia. A AgroTecnologia é uma realidade. Um caminho sem volta. As mudanças climáticas estão aí, acontecendo a todo instante e a cada nova safra os seus efeitos são notórios. Sobreviverão os agricultores que souberem fazer do limão a limonada. Aqueles que, através da tecnologia, conseguirem maior interação de informações que possam ser transformadas em conhecimento e, a partir daí, agirem com inteligência e prevenção. Precisamos, definitivamente, falar menos e fazer mais.
* Marcos Balbi - Engenheiro agrônomo, especialista em Gestão Estratégica em Serviço pela FGV e consultor na Olearys S/A