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A economia do talento

João Doria

O Índice de Referência de Bem-Estar – IRBEM do paulistano, divulgado recentemente pelo IBOPE e pela Rede Nossa São Paulo, na Federação do Comércio, evidencia que há um mau humor generalizado com a esfera pública e uma avaliação mais crítica sobre a qualidade de vida, além de uma vontade de sair da cidade. Já, os melhores aspectos avaliados referem-se à esfera privada, como as relações interpessoais, relações com a comunidade e o acesso ao uso da Internet.

Acredito que podemos superar este mau momento que o paulistano vive, justamente pela capacidade empreendedora e criativa das pessoas, assim como que podemos superar este modelo petista de governar a cidade, ineficiente, moroso e tomado por uma fúria arrecadatória que drena os recursos conquistados pelo cidadão paulistano no seu cotidiano. Viver em São Paulo está cada vez mais caro, seja pela imobilidade urbana, pela indústria de multas instalada em todos os cantos, pela ineficiência dos serviços públicos e pelas oportunidades cada vez mais escassas.

O paulistano não precisa deixar esta cidade incrível, celeiro de potencialidades, que têm sido desperdiçadas pela falta de atitude do atual prefeito em criar um ambiente favorável ao florescimento de negócios que gerem oportunidades, renda e trabalho.

Um Programa de Município Criativo poderá ser a matriz geradora das ações. São Paulo reúne todas as condições para se transformar em referência no campo das tecnologias contemporâneas, fomentando o setor privado e abraçando a coordenação de programas voltados para todas as categorias da economia produtiva. É uma questão de gestão e integração de esforços entre as estruturas municipais para desenvolver uma cultura focada na economia criativa, com fóruns adequados com empreendedores para mapear os setores que possam gerar maior efeito multiplicador em termos de geração de emprego e renda.

É priorizar setores dinâmicos, que tem mais capacidade de criar empregos entre os jovens, e que, se bem articulados e apoiados, tornam-se propulsores de inovação e da ampliação da capacidade produtiva. Uma das medidas deve ser a criação das Incubadoras Criativas, mediante a requalificação de áreas com galpões subutilizados para estimular a indústria em setores como a produção de games, cinema, moda, artes, design, teatro, dança, música, esportes, dentre tantas outras.

As políticas fiscais e tributárias também devem ser adequadas às necessidades dos setores para dar à economia criativa um papel de relevância. Assim como a busca de parcerias com instituições de fomento para financiar centros culturais, galerias de arte e bibliotecas, como elementos formadores de público consumidor e mão de obra qualificada e a criação de mecanismos de difusão e promoção de Pesquisa, Desenvolvimento e Design, em parceria com a iniciativa privada, para apoiar as pequenas e médias empresas a empreenderem em novos negócios.

São Paulo pode ser um paraíso da economia criativa com espaços planejados para a diversão e cultura para todos, onde o estímulo à criação pode gerar ícones urbanos e arquitetônicos, fomentando novos marcos na paisagem urbana e muitos empregos.

Fortalecer a economia criativa buscando dar-lhe o papel de destaque é imprescindível para a construção de uma política que viabilize uma economia balanceada. Não podemos pensar apenas nos grandes parques industriais como motor que faz rodar a economia. Aplicar capital em máquinas e funcionários foi, por muito tempo, suficiente para garantir produção em larga escala e o crescimento de muitas nações. Outras engrenagens se fazem necessárias, sobretudo, aquelas que fazem brotar a economia do talento. O mundo mudou. São Paulo também precisa mudar.



*João Doria é empresário, jornalista, e pré-candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo
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