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Sábado, 20 de abril de 2024

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Trigo: a autossuficiência necessária e possível

A balança comercial do agronegócio brasileiro em 2013 foi positiva em US$ 82,9 bilhões. Se por um lado exportamos soja, milho, arroz, entre outros produtos agropecuários, por outro, historicamenteimportamos trigo. E não é pouco: por volta de seis milhões de toneladas a cada ano, o que representou US$ 2,1 bilhões com a compra de trigo no exterior em 2012. Isso ocorre porque a nossa produção de trigo tem girado em torno de 40-50% das aproximadamente 10 milhões de toneladas que consumimos anualmente.

Em 2012, somente da Argentina importamos mais de cinco milhões de toneladas. Como em 2013 houve quebra da safra de trigo no país vizinho, a quantidade exportada para o Brasil foi reduzida pela metade, o que foi compensado pelo grande aumento da importação do cereal americano. Ou seja, para garantir o pãozinho nosso de cada dia e tantos outros produtos feitos a partir do trigo, nossos moinhos têm que buscar vendedores mundo afora.

Trabalho que vem sendo realizado pela Embrapa Gestão Territorial e que foi divulgado recentemente (www.sgte.embrapa.br) apresenta dados interessantes sobre esse assunto. Podemos produzir a quantidade necessária de trigo para suprir com folga a nossa demanda interna, promovendo nossa autossuficiência nesse cereal. Existem regiões do país que podem ser priorizadas na busca por maior produção, conjugando os esforços de aumento da área plantada com trigo e de incremento na produtividade das lavouras. Importante dizer que aumentar a área com trigo não significa necessariamente abertura de novas áreas, mas sim a conversão de áreas ocupadas com outras culturas agrícolas (milho segunda safra, por exemplo) para produzir trigo, sem desmatamento.

Como temos condições aptas de solo e clima, além de tecnologias apropriadas, para a produção de trigo no Brasil, não precisamos permanecer na dependência da importação desse cereal. Políticas públicas adequadas podem alavancar a produção e garantir a qualidade do trigo nacional. Melhor ainda se os mecanismos de garantia e incentivo forem planejados, implementados e acompanhados em base territorial, considerando as especificidades de cada região.

Além da implantação de incentivos e políticas públicas para a produção e do contínuo desenvolvimento da qualidade do trigo para as diferentes regiões do país, estão entre as conclusões do VIII Fórum Nacional de Trigo 2013: a necessidade de expansão da cultura para novas áreas agrícolas no Brasil Central e no Nordeste e a integração coordenada entre os agentes desse complexo agroindustrial.
Sobre o CCAS

O Conselho Científico para Agricultura Sustentável- CCAS é uma organização da Sociedade Civil, criada em 15 de abril de 2011, com domicilio, sede e foro no município de São Paulo-SP, com o objetivo precípuo de discutir temas relacionados à sustentabilidade da agricultura e se posicionar, de maneira clara, sobre o assunto.

O CCAS é uma entidade privada, de natureza associativa, sem fins econômicos, pautando suas ações na imparcialidade, ética e transparência, sempre valorizando o conhecimento científico.

Os associados do CCAS são profissionais de diferentes formações e áreas de atuação, tanto na área pública quanto privada, que comungam o objetivo comum de pugnar pela sustentabilidade da agricultura brasileira. São profissionais que se destacam por suas atividades técnico-científicas e que se dispõem a apresentar fatos concretos, lastreados em verdades científicas, para comprovar a sustentabilidade das atividades agrícolas.

A agricultura, apesar da sua importância fundamental para o país e para cada cidadão, tem sua reputação e imagem em construção, alternando percepções positivas e negativas, não condizentes com a realidade. É preciso que professores, pesquisadores e especialistas no tema apresentem e discutam suas teses, estudos e opiniões, para melhor informação da sociedade. É importante que todo o conhecimento acumulado nas Universidades e Instituições de Pesquisa seja colocado à disposição da população, para que a realidade da agricultura, em especial seu caráter de sustentabilidade, transpareça.

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Por Claudio Spadotto, Diretor do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS), Engenheiro Agrônomo, Ph.D., Gerente Geral da Embrapa Gestão Territorial

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