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Sábado, 27 de abril de 2024

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Plantio do algodão cresce 10% em Mato Grosso após quebra da safra de soja e queda na cotação do milho

Foto: Clauber Cleber Caetano/PR

Plantio do algodão cresce 10% em Mato Grosso após quebra da safra de soja e queda na cotação do milho
A safra de soja 2023/24 pode registrar uma quebra aproximada em 21% no estado de Mato Grosso, motivando a troca das lavouras de milho para algodão, como uma forma de amenizar o prejuízo. Além disso, a cotação do milho também não é das melhores, registrando uma queda nacional de 15,61% nos preços praticados em janeiro, conforme dados da Safra Consultoria.

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Segundo o vice-presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão, Orcival Guimarães, a quebra da safra ocorreu devido uma seca severa no estado, ocasionada pelo fenômeno El Niño, que trouxe diversas ondas de calor para o Brasil, e grande redução nas precipitações durante os meses de setembro, outubro, novembro e dezembro.

“Teve lavoura de soja que tiveram que matar e jogar o algodão em cima. Ou matar soja e jogar o milho. Os dois. Agora, fazer o quê, o clima, ele é muito mais forte que nós, a natureza. Eu estou com 45 anos no estado de Mato Grosso, e nunca tinha visto isso, nem parecido com isso. Foi uma seca muito forte, que causou muitos danos na soja. A soja na região vai ter uma queda de 25% a 30%, em alguns lugares até mais”, conta Orcival.

Guimarães também explica que pode ter ocorrido o atraso no plantio, e consequentemente na colheita, o que levou a perda de janela com o milho, ajudando também na escolha pelo plantio de algodão, que cresce cerca de 10% neste ano.

“Temos um crescimento de 10% na área plantada, sobre o ano passado, totalizando 1.350.000 de hectares, mas isso não significa que o algodão roubou a área de milho. Eu não encaro dessa forma. O que vai diminuir a área do milho é que tem região onde atrasou o plantio da soja, aí não conseguiu plantar e não vai conseguir fazer a segunda safra. Então, eu acho que a queda no plantio do milho se deve mais ao fator climático do que o avanço do algodão”, explica o vice-presidente da Ampa.

No entanto, Orcival reforça que o aumento na área plantada não significa incremento na produção, pois até a colheita, que começa a partir de 30 de maio, o cenário ainda é incerto, principalmente das condições climáticas.

“Não tem como sabermos como vai ser o clima. Tem sites dizendo que a chuva vai ser menor no mês de março, abril e maio. E tem sites dizendo que a chuva não deve ser tão ruim devido a mudança de El Ninõ para La Niña, e no novo fenômeno, tem um pouco mais de chuva e nesse mesmo site diz que nós teremos chuva em abril e maio. Se tiver essa chuva, isso não é certo, aí nós devemos ter um incremento em relação à produção do ano passado. Porém, o ano passado foi uma coisa meio fora da curva. A produção foi muito alta. Isso no Mato Grosso inteiro, tanto na primeira safra como na segunda safra”, pontua.

Orcival Guimarães

O que pode ajudar na produção deste ano é a janela melhor para o algodão. Por conta da seca, que prejudicou a soja e ocasionou uma produção menor, o ciclo do algodão foi adiantado entre 10 e 15 dias.

“Eu acredito que mais de 90% a 95% do algodão, no Mato Grosso, foi plantado até 31 de janeiro. E isso é muito bom. Então, vai mais um tempo ali para a gente dizer, com certeza, como que vai ser a produção. Mas nós estamos otimistas, as lavouras estão se desenvolvendo bem.
 
A chuva está muito regular, está tendo sol, não está tendo tempo só fechado, teve alguma chuva muito forte, teve, mas nada que atrapalhasse não. No movimento das culturas do algodão, ele está vindo muito bem e muito bonito”, afirma o vice-presidente.

Ao falarmos dos commodities, o algodão irá remunerar um pouco melhor, em relação ao milho, que terá uma remuneração negativa, sem lucro, afastando alguns produtores porque a conta no final “não fecha”, segundo Guimarães.

“A soja mesmo, nós vamos ter um ano sem lucro com a soja, lógico, vão ter alguns produtores que vão ter um resultado melhor, porque os preços da soja também caíram demais, junto com o do milho. Agora, a soja ainda tem um precinho um pouco melhor, agora desabou, mas aí vendeu um pouco antecipado, milho também, mas a remuneração do milho está horrível, isso não tem jeito. O algodão até o momento está remunerando um pouquinho melhor, mas não é de fazer festa não, tem que tomar cuidado porque os custos são altos e a produção ainda é incerta”, finalizou Orcival.
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