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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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maior taxa

Em dez anos, MT desmatou área equivalente ao tamanho de Cuiabá

Foto: Josi Petengill/ Secom-MT

Em dez anos, MT desmatou área equivalente ao tamanho de Cuiabá
O desmatamento em Mato Grosso atingiu a maior taxa em 10 anos. A área desmatada equivale ao tamanho da cidade de Cuiabá. A análise do Instituto Centro de Vida (ICV), com base em dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes) mostrou que Mato Grosso já perdeu 85% da floresta, de forma ilegal. Somente entre agosto de 2017 e julho de 2018, 1.749 km² da floresta foram derrubados, cerca de 174 mil hectares. O destaque está para Colniza e Aripuanã, com um quarto do desmatamento total do estado.

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O cerrado é o segundo maior bioma brasileiro em extensão e com a maior biodiversidade do mundo. Com mais de 11 mil espécies de plantas nativas já catalogadas, diversas populações dependem do bioma, como povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, babaçueiros, dentre outras comunidades tradicionais que compõem o patrimônio histórico e cultural brasileiro. Apesar disso, o cerrado é o que mais sofreu com as ações do homem no Brasil.

Os dados de desmatamento no Cerrado são alarmantes e a situação de Mato Grosso chama a atenção por ser ainda mais trágica. Entre 2014 e 2017, houve um aumento de 24% na taxa de desmatamento no estado, enquanto no bioma como um todo em escala nacional houve uma redução de 31%.

A analise indica que as ações feitas pelo Estado, para conciliar produção com conservação, não estão sendo suficientes para virar o desenvolvimento de Mato Grosso na direção da sustentabilidade. A taxa cresceu desde que o Governo do Estado se comprometeu a eliminar o desmatamento ilegal em 2015. As médias anuais passaram de 1.000 Km² para 1.600 Km². Mais da metade do desmatamento concentra-se em apenas 10 municípios das regiões Noroeste e Médio Norte.

Um dos principais fatores para o desmatamento é a prevalência de imóveis rurais privados cadastrados no Sistema Nacional de Cadastro Ambiental (SICAR), que concentram 52% de todo desmatamento de Mato Grosso. No município de Querência está o maior desmatamento contínuo capturado pelas imagens de satélite: um único desmatamento ilegal com mais de 5 mil hectares, já autuado pelo Ibama em agosto deste ano.
 
Projetos de assentamentos da reforma agrária são responsáveis por 12% da área desmatada, menos da metade do padrão de contribuição dessa categoria em toda a Amazônia nos últimos anos. As Terras Indígenas seguem sob forte pressão de invasões, com 5% do desmatamento detectado no período.
 
Outro destaque que se repete é o desmatamento associado às usinas hidrelétricas: elas foram responsáveis por 4% do desmatamento de 2018, com participação significativa da implantação das UHEs Sinop e Colíder na região médio norte do estado.
 
O aumento do desmatamento coloca em risco ações como o Programa REDD+ para Pioneiros (REM). Coordenado pelos governos alemão e inglês, investirá até R$ 178 milhões nos próximos cinco anos em ações e iniciativas que visem a conservação das florestas e fomento a práticas sustentáveis. Para o recebimento do recurso, porém, é necessário que a taxa de desmatamento se mantenha em 1.780 km².

Outro lado 

A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Meio Ambiente, mas não obteve resposta até o momento da publicação desta matéria.
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