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Quarta-feira, 24 de abril de 2024

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Cenário antes masculino

Maior escolaridade abre portas para mulheres no agronegócio; 70% delas atua no comando

Foto: Reprodução/Internet

Maior escolaridade abre portas para mulheres no agronegócio; 70% delas atua no comando
Seja na produção tecnológica, na gestão financeira ou a frente dos empreendimentos, mulheres consolidam a ocupação de espaços no agronegócio por meio de capacitação e persistência. Para se ter uma ideia do cenário,  mais de 70% das mulheres que atuam no setor estão no comando dos negócios, segundo  pesquisa da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), divulgada em 2017. Sua presença também cresce no quadro de funcionários: veterinárias, agrônomas, zootcnistas e operadoras de máquinas já não são mais novidade em muitas fazendas.

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Dentre outros fatores sociais que transpassam o mercado, é importante considerar as taxas de profissionais com ensino superior no país, maior entre mulheres, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o Estudo Estatísticas de Gênero: Indicadores Sociais das Mulheres no Brasil, tomando por base a população de 25 anos ou mais de idade com ensino superior completo em 2016, as mulheres somam 23,5%, e os homens, 20,7%. 

As mudanças são acompanhadas pela diretora técnica do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea-MT), Daniella Bueno. “Quando comecei, há 15 anos, dificilmente chegava em uma fazenda onde as responsáveis eram mulheres. Hoje não nos privamos mais e mostramos que somos capaz.  Isso em todas as áreas. Já cheguei em muitas propriedades onde as mulheres pilotavam as máquinas. Não existem mais barreiras físicas, e intelectuais então, nem se fala.”
Da esquerda para a direita, Eloisa Hage, Daniella Bueno e Terezinha Costa. 

A pesquisa da ABAG ,divulgada no último ano e mostra que a maioria das 862 entrevistadas disse estar preparada para as posições de liderança – já conquistada por muitas. Inclusive, grande parte das participantes da pesquisa (59,2%) declarou que é proprietária ou sócia; 30,5% são funcionárias ou colaboradoras; e 10,4% são gestoras, diretoras, gerentes, coordenadoras ou atuam em funções administrativas.

“Percebemos um nítido aumento, tanto na parte técnica, quanto na produção de conhecimento e tecnologia. E essa relação com a escolaridade é muito pertinente, porque as próprias empresárias estão mais atentas a importância de se buscar uma graduação ou uma pós-graduação pra tornar o mercado mais eficiente”, explica a veterinária e produtora rural Eloisa Hage.

Ainda segundo o estudo, parte delas (61,1%) afirmou não enfrentar nenhum problema de preconceito com sua liderança por. No entanto, um pequeno percentual (9,4%) destacou que não foi levada a sério; 8% afirmou que sentiu desconfiança de outras pessoas com relação à sua habilidade no cargo; 11% percebeu dúvidas acerca de seu conhecimento e 8,8% notou desconfiança com sua capacidade de negociar.    

Com relação a isso, Eloisa diz que quase não há casos, porque é uma mudança cultural que vem ocorrendo há pelo menos 20 anos. Já é uma cultura implanta. Hoje o que as mulheres no agronegócio querem é o que qualquer pessoa quer: respeito, dignidade para trabalhar, crédito para executar suas atividades. O preconceito está muito aquém disso. Temos muito a somar com o setor e provamos isso diariamente”, diz.

Produtora na região do Guaporé, em Mato Grosso, Terezinha Helena Staut Costa representa uma das liderança entre os empreendedores da Baixada Cuiabana. Ela reconhece as mudanças no setor e destaca que atualmente mulheres e homens lutam lado a lado em prol do setor. “Há muitos casos que o gosto passa de pai pra filha, então, pra quem gosta desse, é independente se é homem ou mulher. Estamos unidos em prol das nossas causas”, afirma.

Embora os números venham crescendo e a expectativas melhorando, ainda há espaços a serem conquistados. De acordo com o Sindicato Rural de Cuiabá, dos 98 associados, apenas duas são mulheres. O número é um pouco maior entre as presidentes de Sindicatos pelo Estado: cinco, conforme informou a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato).
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