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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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O agronegócio vai sentir em 2016 os impactos da crise deste ano, afirma Rui Prado

Foto: Olhar Direto

O agronegócio vai sentir em 2016 os impactos da crise deste ano, afirma Rui Prado
O ano de 2015 para a economia brasileira e mato-grossense foi difícil e a tendência é "piorar". Ao contrário de diversos setores econômicos, o setor agropecuário e do agronegócio não sentiu tamanhos impactos. Segundo o segmento produtivo mato-grossense, o setor sentirá na verdade em 2016 os danos da situação pela qual o Brasil passa.

A agricultura tende a sentir mais o choque da economia nacional, que deverá ser agravado em função das condições climáticas, como é o caso de Mato Grosso, onde já se projeta perdas de R$ 1 bilhão com a redução da perspectiva de colheita em um milhão de toneladas.

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Os maiores impactos sentidos pelos produtores foi quanto ao aumento do custo de produção e o atraso na liberação de recursos do Plano Safra, além dos pedidos de recuperação judicial por parte de grandes grupos

“A crise da agricultura ela foi empurrada, digamos assim, para 2016. E em 2016 existe esse complicador que é uma safra que em alguns lugares haverá o comprometimento de produção”, pontua o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado.

Confira a entrevista com Rui Prado, presidente da Famato:

Agro Olhar – Gostaria que fizesse um apanhado de como está cenário do agronegócio e da agropecuária mato-grossense e nacional em 2015, tendo-se em vista que neste ano vimos, no caso de Mato Grosso, retração do abate de bovinos, aumento do dólar, tivemos as questões econômicas no país, alta no custo de produção.

Rui Prado –
O ano de 2015 foi um ano difícil, complicado para o cenário do agronegócio a nível nacional, até porque nós tivemos uma crise entrando no país que comprometeu, por exemplo, o crédito. O crédito compromete, principalmente, os investimentos e quem mais demanda investimentos é a área de agricultura (mais que a pecuária). Na área da agricultura existem, também, muitos investimentos que já tinham sido contraídos na moeda dólar. Então, isso é um complicador hoje para os produtores rurais que enfrentaram uma crise de crédito e que perceberam um aumento do seu endividamento. Isso acontece muito com os produtores de soja, milho e algodão em função da cotação a moeda. Começamos uma safra com o produtor com escassez de recursos. A safra 2015/2016 está plantada (primeira safra), mas ela está comprometida também por causa do clima. Há um comprometimento da segunda safra em função da diminuição de área, por conta do clima também. Então, com certeza haverá uma redução da renda do produtor em 2016. E isso somado ao aumento do endividamento, por conta da crise que abate o país, fará com que tenhamos em 2016 um ano muito difícil para a agricultura. Não estou vendo um ano simples. Estou vendo, em 2016, um ano de muito aperto.

Agro Olhar – Então, o impacto que não foi sentido agora em 2015 nos demais setores econômicos ocorrerá em 2016 na agricultura e pecuária?

Rui Prado – Sim, vai sentir agora em 2016. A crise da agricultura ela foi empurrada, digamos assim, para 2016. E em 2016 existe esse complicador que é uma safra que em alguns lugares haverá o comprometimento de produção.

Agro Olhar – E no caso da pecuária?

Rui Prado – No caso da pecuária já é outra realidade. A pecuária enfrentou também suas dificuldades em função do aumento do custo de produção e a alta, principalmente, do valor dos animais para quem faz a engorda. O aumento do custo de produção afetou toda a pecuária. Além disso, nos últimos meses também sofreu uma diminuição no preço do boi e também da carne nos supermercados. Isso deixou o pecuarista, que também tem restrição de crédito, com uma diminuição de investimentos.

Agro Olhar – A pecuária, no caso bovina, teve ainda em 2015 o agravamento do fechamento de plantas frigoríficas.

Rui Prado – Isso é uma coisa crônica já. Tivemos mais fechamentos, mais concentrações em unidades, porém registramos algumas aberturas de mercado. Foi isso que segurou o preço da carne em função do aumento do dólar e também as exportações.

Agro Olhar – Uma coisa que percebemos não se sabe se foi o efeito da crise econômica ou não, é a questão dos pedidos de recuperações judiciais no setor. A exemplo, temos o Grupo Pinesso e JPupim. Como o senhor avalia isso, pois não é só o setor da agropecuária quem está entrando na Justiça para pedir recuperação judicial, outros segmentos da economia mato-grossense também?

Rui Prado – Isso reflete a crise do nosso país. É um problema, porque uma recuperação judicial não é algo fácil. É uma dificuldade que se tem. É um negócio muito ruim. Isso mostra na prática a crise.

Agro Olhar – E os trabalhos desenvolvidos pelo Governo de Mato Grosso no âmbito logístico, atração de investimentos de indústrias e para o setor agropecuário. Como o setor avalia?

Rui Prado – Esse é um governo novo. Um governo de transformação. Um governo que está se estruturando para fazer as reformas. Nós sabemos das dificuldades de caixa do governo. Há algumas iniciativas sendo realizadas e o que dizemos é que a demanda é muito grande. Precisa ser feito muita coisa de investimentos, principalmente em logística.
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