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Sábado, 20 de abril de 2024

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O 'bug' dos consignados

Arquivo Pessoal

É inegável que o Brasil está atravessando um período de forte crise Econômica e Política, contudo, precisamos retroagir um pouco no tempo para entendermos melhor a natureza do processo que nos trouxeram a situação atual.

No período de 1994/2002 vivemos sob um forte ajuste nas finanças publicas, pois a inflação tinha que ser debelada a qualquer custo e assim a sociedade, mais precisamente a classe trabalhadora, teve que suportar uma profunda recessão com altos índices de desempregos e perda de renda das famílias, mesmo assim, o ajuste foi levado adiante, pois o FMI para emprestar exigia que o País rezasse na sua clássica cartilha ortodoxa de enfrentar crises: aumento da taxa de juros e inflação baixa. Período de grandes crises mundiais.

Pois bem, veio o período 2002 a 2010, a economia estava razoavelmente arrumada, pois a inflação finalmente estava sob controle e a economia mundial estava atravessando um período de robusto crescimento, então, era de se imaginar que o País surfaria nessa onda, como de fato surfou. Aí que a nosso ver, o governo perdeu o compasso de efetuar grandes transformações, a despeito do olhar implacável para o social, o que sem duvida, imagino acertadíssimo. Ocorre que nesse período o governo gozava de imenso prestígio popular e com um ambiente político extremamente favorável, eis o tempo sobremodo oportuno para fazer algumas cirurgias na economia que soariam praticamente indolor, mas não o fez, ao contrário, incentivou o consumo desmedido das famílias com fartas linhas de créditos a perder de vistas pois tal qual as famílias o Brasil tinha livre acesso ao mercado internacional de crédito, pois acabara de ganhar o rating de bom pagador das agencias de precificação de riscos.

Pois é. A lógica econômica não é diferente da lógica nossa do dia a dia: abusou demais, mais cedo ou mais tarde, a fatura chega. No caso em concreto, chuparam uvas verdes no momento que deveriam efetuar os ajustes e os dentes de todo o povo brasileiro é que embotaram, infelizmente.

Vejamos alguns dados: O PIB diminuiu, a inflação está aumentando, o desemprego está em alta, a taxa básica de juros está em patamares impraticáveis, as famílias estão endividadas, alguns estados já não conseguem pagar o salário do funcionalismo em dia, só para citar algumas mazelas deixadas.

Agora vamos ao titulo: Chegou a hora dos bancos darem uma mãozinha, pois os estados estão quebrados e não é possível que ano após ano os lucros deles cresçam ainda mais. Este ano em plena recessão foi divulgado o balanço e seus lucros foram ainda maiores que a do ano passado. Proposta: uma moratoriazinha de 12(doze) meses nesses repasses que os estados fazem referente aos descontos em folha dos consignados, assim procedendo, sobrariam uma boa grana para os estados aplicarem em saúde, segurança e educação. Pois com o andar da carruagem vai chegar um dado momento que essa alternativa vislumbrará inexorável.



*Epaminondas Antonio de Castro é economista em Cuiabá

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